Porque é que a vida nos obriga a perder?

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Ao longo da vida passamos por muitas perdas: perdemos o nosso emprego de sonho, um grande amor, e até pessoas de que gostamos muito. Mas, porquê?

Todas estas situações causam-nos dor e sofrimento. Pensamos e procuramos continuamente uma justificação para o que nos está a acontecer, e raramente encontramos respostas. Até é fácil sentirmos que a vida está a ser má connosco.

Venha entender porque é que a vida nos faz passar por estas perdas, e como é que podemos olhar para elas como oportunidades, e não uma conspiração do universo contra nós.

A maior das minhas perdas:

O meu pai sempre foi o meu herói. Desde pequenina, sempre olhei para ele com grande amor e admiração. Para além de companheiro de brincadeiras, ele sempre foi o meu porto seguro – alguém que estava sempre lá para mim independentemente de tudo.

Ao longo da minha vida, vi o meu pai a passar por períodos de doença, e tive medo que tivesse chegado a hora de o perder várias vezes. Mas, por motivos do Universo, que nunca conseguimos entender, ele recuperava sempre. Até ao dia em que, no auge da sua saúde, ele nos deixa.

Lembro-me de naquele momento olhar para o céu e me perguntar: porquê? Porque é que com todos os “azares” da vida, ela tinha também que me tirar o meu ídolo.

Confesso que precisei de alguns anos, e muita terapia, para entender o que verdadeiramente se estava a passar comigo.

Só somos personagens principais na história da NOSSA vida!

Quando nos afastamos da situação, e tentamos olhar para ela de uma perspetiva diferente, entendemos que na verdade, a perda não é algo nosso – porque nunca nada, nem ninguém, nos pertenceu.

O meu pai era muito mais do que o meu pai! Ele era o marido de alguém, o amigo de outra pessoa, e acima de tudo, era a sua própria pessoa. E cada pessoa que pisa este mundo tem a sua própria vida, com as suas vontades, aprendizagens e caminho.

Por muito importante que seja eu processar a minha dor, e fazer o luto daquela perda, é importante eu entender que nem tudo é sobre mim. O meu pai não era “meu”, e não há nada que eu possa fazer em relação ao que aconteceu. Mas todas as oportunidades são boas para aprender.

Porque é que a vida nos faz perder?

É o que nos apetece perguntar sempre que passamos por uma experiência desagradável. Mas a verdade é que a vida nos empresta o que precisamos (e não o que queremos) a cada momento. Ela puxa-nos para evoluirmos e nos tornarmos seres humanos melhores.

A vida não é má, nem nos quer castigar, nem ensinar através da dor e sofrimento. Contudo, ela precisa de nos dar oportunidades para treinarmos algumas qualidades que precisamos de ter para elevarmos a nossa vibração, e consciência sobre o mundo em que vivemos.

Para tal, ela precisa de nos ensinar que:

Cada um de nós só tem controlo sobre a sua própria vida e as suas próprias decisões, e não a de mais ninguém,
Interiorizarmos a importância do desapego, e de que nada, nem ninguém, é propriedade nossa,
Tudo é um processo com início, meio e fim – até a nossa própria vida.

É por isso que sempre que algo de bom nos acontece, a seguir acontece algo mau, e vice-versa. A vida é nossa professora, e a nossa maior mestre, se a quisermos ouvir, e entender que sempre que aprendemos uma lição, precisamos de um novo trabalho de casa para trabalhar.

Mas será que perdemos mesmo?

As perdas não existem. Nada é nosso. Apenas terminou o período do empréstimo. E em vez de olhar a vida como uma grande malvada que nos retira o que gostamos, podemos passar a olhar para ela como a nossa grande mestre.

Ela empresta-nos o que precisamos (uma pessoa, uma oportunidade, uma experiência) e retira-nos quando deixamos de precisar dela. Isto é essencial para dar espaço para que outras coisas, e outras aprendizagens, aconteçam.

Devemos olhar para cada perda com um olhar atento: O que eu posso aprender com isto? O que está a acontecer para eu atrair esta experiência para a minha vida?

E claro, encontrar o espaço e o tempo para processarmos essa mesma perda, que muitas vezes acontece através de terapia. Às vezes ajuda nos pensar o tempo que tivemos, ao invés de pensar o tempo que não teremos mais.

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