Será que devemos dar conselhos?

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Toda a gente adora dar conselhos! Desde a mãe, à amiga e até a irmã. Quando o assunto é a nossa vida parece que toda a gente é perito e sabe dar a opinião!

Mas será que devemos ouvir os conselhos dos outros? Será até saudável darmos conselhos, em primeiro lugar?
Dizem que se os conselhos fossem bons não se davam vendiam se. E é sobre eles que vamos falar neste artigo.

O que são conselhos?

Os conselhos são as opiniões, ou as ideias, que damos aos outros para que eles possam enfrentar um desafio, ou tomar uma decisão. Regra geral, construímos estes conselhos com base nas nossas experiências semelhantes no passado, ou com que já vimos alguém fazer perante essa mesma situação.

Estes conselhos podem ser solicitados quando alguém nos pede a nossa opinião relativamente a um determinado assunto, ou simplesmente de espontânea vontade.

Geralmente quando alguém nos aconselha, essa pessoa tem a melhor das intenções. Ela está a partilhar connosco as suas experiências passadas e também a indicar-nos qual é que é a melhor solução, de acordo com a sua perspectiva. Então, podemos deduzir que dar um conselho a alguém é uma demonstração de preocupação e afeto.

Ouvir os conselhos dos outros é bom?

Embora todos os conselhos partam de uma boa intenção, isto não significa que somos obrigados a ouvi-los, nem que seja boa ideia fazê-lo.

Se por um lado temos muito a ganhar a ouvir a experiência de alguém que já tenha passado por uma situação semelhante, é importante lembrarmo-nos que todos nós somos pessoas diferentes.

Cada um de nós tem um percurso de vida individual. Não só não existem duas situações exatamente iguais, como também todas elas devem ser observadas dentro de um determinado contexto, porque somos diferentes. Por isso, a melhor solução na vida de determinada pessoa pode não ser a melhor solução para mim.

Quem nos dá conselhos são outros seres humanos. E todos os seres humanos têm os seus próprios medos, traumas, problemas e ambições. Cada um de nós procura coisas diferentes para a sua vida, e tem diferentes formas de lidar com a realidade. Isto significa que, o que funcionou para o outro pode não funcionar para mim, simplesmente porque procuramos coisas diferentes.

Por exemplo, se uma amiga minha tiver um problema no seu relacionamento, e eu já tiver passado por uma situação semelhante, posso partilhar a minha experiência com ela. Mas mesmo que ela faça exatamente o que eu fiz não significa que o resultado seja igual. Por um lado, o parceiro dela pode ser diferente do meu, e ter uma reação diferente. Ou eu e a minha amiga podemos ter uma forma diferente de lidar com as relações amorosas.

Em suma, temos muito a ganhar com a partilha de experiências com os outros, mas devemos também analisar esses mesmos conselhos com o filtro do nosso eu e da nossa essência.

O problema da responsabilidade partilhada

Para além de os conselhos não funcionarem sempre da mesma forma com toda a gente, é importante entendermos quais as nossas motivações para seguirmos determinado concelho.

Muitas das vezes, algumas situações saem tão fora da nossa zona de conforto, ou deixam-nos tão assustados, que se torna mais fácil passarmos a responsabilidade da decisão para outra pessoa. Afinal, no fim do dia, se a coisa der para o torto, pode sempre culpar o outro.

E é aqui que a coisa fica complicada. Enquanto eu não perceber que eu tenho controle absoluto sobre a minha vida, eu nunca vou conseguir ser feliz. Se por um lado nenhum de nós pode escolher os desafios que a vida lhe coloca, todos nós temos o poder e a responsabilidade de decidir como é que queremos agir.

Quando precisamos constantemente dos conselhos dos outros para saber que direção tomar, estamos a delegar a responsabilidade que temos sobre nós mesmos. Ou seja, este pode ser um sintoma de que não nos sentimos capazes de saber o que é melhor para nós, ou de que não temos coragem de tomar a decisão que sabemos ser certa. Em qualquer das situações, este é sempre um sinal de que estamos desconectados com a nossa essência.

Enquanto não tomarmos a responsabilidade que temos sobre a nossa vida nunca poderemos ir de encontro ao nosso propósito de vida.

Já para não falar que quando eu dou conselhos, também não me posso estar a responsabilizar pela vida do outro. É importante entendermos que, embora eu possa dar a minha opinião, partilhar a minha experiência com o outro e estar lá para o apoiar, eu não posso resolver os problemas dele por ele.

Sem esquecer que não é justo eu cobrar alguém pelo fato da pessoa não ter seguido o meu conselho. Os conselhos ou as indicações devem vir de um lugar de carinho e preocupação mas nunca de cobrança ou controlo.

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